Histórico
BREVE HISTÓRICO DA CRIAÇÃO DO MUSEU DE ENTOMOLOGIA DA UFV
Por: Eliane de Castro Silva
O interesse pelas coleções entomológicas na UFV teve início por volta de 1927, juntamente com a criação ESAV (Escola Superior de Agricultura e Veterinária) e a disciplina de Entomologia. Por ser uma Escola com foco no ensino prático e teórico da Agricultura e Veterinária e o estudo experimental nessa área, o Prof. Peter Henry Rolfs, de origem norte-americana e grande pioneiro na estruturação da ESAV, deu o primeiro passo na formação de uma coleção de insetos, para ser usada como instrumento científico-pedagógico; coleção essa que hoje faz parte do Museu de Entomologia.
Em 1929, o Professor P. H. Rolfs visitou os Estados Unidos para recrutar especialistas em várias áreas da agricultura, inclusive na área de Entomologia, para fazer parte do corpo docente da ESAV. O entomologista, Dr. Edson Jorge Hambleton, graduado pela Universidade de Ohio, Estados Unidos, e mestre e doutor pela Universidade de Cornell, aceitou o convite e chegando a Viçosa, em 1929, deu início às suas atividades. Foi lotado na Seção de Entomologia, trabalhando na organização das coleções entomológicas, providenciando os armários para armazenamento do acervo, na formação do apiário e na coordenação de disciplinas.
Até o final da década de 1950, ocorreu uma intensa participação de pesquisadores na organização, preservação, identificação, arquivamento de dados e informações sobre os insetos de Minas Gerais e região, formando-se uma coleção de pragas, principalmente de plantas cultivadas. Dentre esses pesquisadores, merecem destaque: Dr. Diogo Alves de Mello (professor de Entomologia no período de 1926 a 1929), Dr. Edson Jorge Hambleton (professor de Entomologia no período de 1929 a 1934), Henrique Floriano Galante Sauer, Benjamim Thomaz Snipes (professor de Entomologia no período de 1937 a 1940) e Frederico Vanetti (professor de Entomologia no período de 1939 a 1964).
Além desses, inúmeros pesquisadores contribuíram para o crescimento da coleção entomológica do Museu de Entomologia, através de coletas, informações de campo e identificações. Dentre esses podemos citar: Acacio Costa Junior, Angelo Moreira da Costa Lima, C. J. Drake, Carlos Socias Schlottfeldt, Elpidio Amante, Flávio Augusto D’Araujo Couto, F. Plaumann, João Moojen de Oliveira, José Cândido de Mello Carvalho, Newton Dias dos Santos, Oscar Monte, J. Zikan, Pedro Wygodzinsky, assim como P. H. Rolfs.
Posteriormente, o acervo entomológico ficou sob responsabilidade do Professor Frederico Vanetti, que mesmo tendo se aposentado em 1965, continuou cuidando das coleções até 1969, ano de seu falecimento. Com a ausência do Prof. Vanetti, as atividades referentes à conservação e manutenção do acervo entomológico sofreram um declínio significativo, causando consequências marcantes e prejuízos das coleções devido à falta de uma assistência constante na sua preservação.
A partir da década de 1970, o horizonte de pesquisas se ampliou e vários projetos de pesquisas financiados por diferentes órgãos governamentais deram suporte a estudos sobre biodiversidade e análises entomofaunísticas em ecossistemas naturais e planos de manejo ambiental, culminando em importantes relatórios, publicações e comunicações científicas e farto material entomológico.
Por volta de 1975, as coleções entomológicas da UFV, que estavam dispersas na universidade, foram recuperadas, organizadas e preservadas, dentro dos moldes internacionais, sob curadoria do Professor Paulo Sérgio Fiuza Ferreira (professor da UFV no período de 1973 a 2018), tornando-se assim, o Museu Regional de Entomologia em 1978.
A ideia era que o museu se tornasse uma referência regional, começando pela Zona da Mata e podendo alcançar todo o Estado de Minas Gerais. “O nome Museu Regional de Entomologia se “oficializou” pelo seu acervo entomológico conter mais de 90% dos seus exemplares provenientes do estado de Minas Gerais.
Inicialmente, o Museu Regional de Entomologia era vinculado ao Departamento de Biologia Animal, e fisicamente estava instalado na sala 211 do Edifício Chotaro Shimoya, no campus da UFV.
Desde sua concepção como museu, as atividades do Museu Regional de Entomologia tiveram como foco principal a pesquisa científica e o suporte ao estudo de pesquisadores e estudantes da área. O primeiro regimento do museu especifica a destinação do museu: “estudo, reunião e exposição de peças e coleções científicas e/ou didáticas de espécimes entomológicos” com foco no ensino, pesquisa e extensão, com os objetivos de desenvolver o ensino e promover a pesquisa científica, estendendo à comunidade essas atividades, através de cursos e serviços especiais.
De acordo com fontes da época, o Museu Regional de Entomologia participava de vários eventos voltados à capacitação educacional e científica, na área de taxonomia, de universitários, técnicos, professores e pesquisadores, através de cursos e palestras, conforme jornais de 1983 a 1985 e folders de divulgação.
Em 1984, com a criação do PPGENT e o Curso de Mestrado, o acervo entomológico do Museu teve um aumento significativo, através de exemplares provenientes de projetos de pesquisa e dissertações do curso. Posteriormente, em 1996, foi criado o curso de Doutorado, dando continuidade à manutenção e ao aumento da coleção.